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As melhores leituras de 2014 (por mim mesma)

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Faltam poucos dias para 2014 acabar (poderia colocar o número de dias aqui, mas sou tão ruim com números que poderia errar esse cálculo fácil, então vamos usar o “poucos dias” mesmo), e esse foi um ano bom profissionalmente, pessoalmente, mas fraquíssimo na minha intensidade de leitura – provavelmente por estar tão ocupada com as coisas fora dos livros, né – e também por usar o tempo no ônibus para dormir mais.

Mas vamos lá: foram 27 livros lidos ao todo (sim, só isso), e há ainda quatro em processo de leitura - Graça infinitaque está maravilhoso, O demônio do meio-dia, que interrompi justamente por causa do Graça, mas que também estava ótimo, A balada de Adam Henry, a atual leitura de ônibus (pois né, difícil carregar DFW por aí), e Oblómovque já vou até considerar aqui como “abandonado” porque sei que vou levar eras até pegar ele de novo – tiro da conta o Dom Quixote marcado como “lendo” no Goodreads porque li o primeiro volume no ano retrasado e falta só o segundo, hehe.

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Os livros foram poucos, mas foram bons (tcharã). Então segue a listinha.

Tempo de espalhar pedras, de Estevão Azevedo - Olar, literatura nacional, fico feliz de não ter te deixado de lado apesar dos poucos livros lidos. Sobre este nem vou falar tanto pois já tem a resenha bonitinha aqui no blog – aqui, oh! -, mas a justificativa para ele estar nessa minha lista é também o talento do Estevão para fazer uma história dura sobre a vida no garimpo de diamantes ficar tão bela em palavras. Todas as personagens do romance possuem uma personalidade complexa apesar da simplicidade de suas vidas – analfabetos, sem riquezas, aparentemente ocupados demais com a própria sobrevivência para refletirem sobre ela. Mas não, mesmo com toda a ignorância e violência dessas pessoas, o livro está cheio de beleza.

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“A morte do pai”

A morte do pai, de Karl Ove Knausgaard - Nem cheguei a falar sobre este livro no blog porque queria fazer uma resenha dos dois livros da série Minha luta já lançados aqui no Brasil, A morte do pai Um outro amor. Acabou que não consegui ler o segundo ainda em 2014, então a leitura (e consequente resenha) vai ficar para 2015 – quiçá quando sair o terceiro livro. Mas Knausgaard foi uma das leituras que mais curti nesse ano. Fiquei surpresa por estar tão fascinada com um livro que a princípio apenas narra a história de seu autor, com seus detalhes cotidianos etc. Como pode uma coisa tão simples e aparentemente desinteressante ser tão viciante? Pois é, esse é o efeito Knausgaard: você está lá lendo sobre como ele, adolescente, planeja ficar bêbado no ano novo com um amigo e acha tudo aquilo demais. Você lê páginas e páginas dele e do irmão limpando a casa da mãe quando voltam para sua cidade após a morte de seu pai, com detalhadas descrições dos produtos de limpeza e da quantidade de lixo e sujeira do lugar, sem conseguir desprender os olhos de uma linha sequer. A coisa mais sem graça fica interessante na narrativa de Knausgaard, e aí está o motivo de tanta gente empolgada com seis volumes enormes que contam a história de um cara comum.

Enquanto Deus não está olhando, de Débora Ferraz - Oh aí porque foi um ano bom pra literatura nacional (na minha opinião, né). Primeiro romance da Débora Ferraz, vencedora do Prêmio Sesc de Literatura, uma história sobre uma artista meio perdida com o próprio futuro e em busca do pai desaparecido. Tudo para ser meio pedante demais, essa coisa de arte e autora estreante querendo ser profunda, a busca de si mesmo, do autoconhecimento, do reconhecimento familiar, dramas e dramas e mais dramas. Mas opa, o livro não é isso. Ok, tem muita reflexão sobre a existência dessa protagonista aqui, dor pela rejeição do pai à sua escolha profissional, afastamento da mãe e do irmão que não parecem ter muito a ver com ela, assim como o melhor amigo que reencontra, tão implicante com seu jeito de vida (ele todo metódico e seguro de suas escolhas, ela sem rumo e depressiva), mas tudo é contado de uma forma que te obriga a montar as peças para entender o que realmente está acontecendo na vida dessa menina, que o problema não está só dentro dela. Fiquei de cara com a moça (de um jeito bom).

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“As leis da fronteira”

As leis da fronteira, de Javier Cercas - Livrinho bacana do Cercas que aborda as “fronteiras” sociais entre um adolescente meio revolts e um grupo de “trombadinhas” de uma cidadezinha espanhola. O romance mostra o crescimento de Ignacio Cañas, um adolescente que se afasta da família e dos amigos após começar a ser perseguido por alguns colegas de escola. Ele encontra refúgio num grupo de jovens marginais que trafica drogas e pratica pequenos roubos, mas a relação dele com essas pessoas de classe diferente da sua dura apenas um verão – o bastante para marcá-lo pela vida toda. Carcas narra como Ignacio cresce, se torna um importante advogado, e volta a se envolver com essas mesmas pessoas, uma história meia obsessiva dele com a de Zarco, que vira uma grande figura delinquente do país. Mas além disso, o livro fala muito sobre a construção midiática de um personagem quase heroico que é Zarco, e como essa construção destoa da realidade – do bandido, de sua família e até do próprio Ignacio. E, claro, como as oportunidades oferecidas a cada um são tão diferentes só porque um mora “do lado certo” do rio que cruza a cidade.

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“Diga o nome dela”

Diga o nome dela, de Francisco Goldman - Aqui está um legítimo livro “chorante”. Diga o nome dela é um livro autobiográfico em que Goldman escreve sobre a morte de Aura Estrada, sua esposa que morreu em um acidente estúpido envolvendo uma onda forte demais em uma praia mexicana enquanto estavam de férias. Aura, muito mais nova que Goldman, era uma estudante e escritora empolgada com a vida, uma pessoa realmente apaixonante que te deixa triste mesmo por ter deixado de existir, mesmo você nunca tendo ouvido falar dela antes desse livro. A história de como Goldman lida com a morte de Aura, a culpa que a família dela joga sobre ele (foi um acidente, mas a mãe de Aura insiste que foi Francisco o culpado por tudo, de um jeito bem infundado e triste), como tentou amenizar a dor com outras pessoas, como via Aura em tudo o que tocava… É uma história tão linda e triste que, sei lá, te deixa com medo do amor. Eu já tenho grandes ressalvas com relacionamentos, e ler isso – o homem encontrar o grande amor de sua vida e perdê-lo pouco tempo depois de um jeito tão babaca – foi bem pesado. Lagriminhas escorrem.

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“O mundo assombrado pelos demônios”

O mundo assombrado pelos demônios, de Carl Sagan - PQP como eu queria ser cientista! Mas como me falta cérebro pra isso, amigos. Essa lista não é para falar dos livros lançados em 2014, então como li esse livro só agora (foi originalmente publicado em 1996), vou colocá-lo na lista (e a lista é minha e eu faço ela do jeito que eu quiser, rá!). Quando falei que queria ler esse livro me falaram que é o menos otimista de Sagan, mas é belíssimo. Acho que o “menos otimista” se dá por conta das críticas que o autor faz às pseudo-ciências e a uma visão meio ressentida da maneira com que a ciência é tratada “hoje” (naquela época, mas vale para hoje também): sem o devido valor. Mas ao mesmo tempo ele apresenta o encantamento que sentiu com a ciência desde o seu primeiro contato com ela, como o conhecimento está presente em todos os momentos da sua vida e como esse conhecimento pode salvar a humanidade. E, claro, não pode faltar o bom  e velho tapa na cara o-mundo-é-vasto-e-o-universo-mais-ainda e não sabemos nada sobre ele, nadinha de nada, mesmo com tantos avanços tecnológicos não estamos nem perto de saber e aaaah como isso me faz querer conhecer o mundo mais ainda. É tão bonito, gente, estrelas no céu, cometas, oh lá uma galáxia, duas galáxias, caceta tem muita galáxia… Leiam.

 

Eis aí as leituras “marcantes” de 2014. Ainda poderia citar O pintassilgo, da Donna Tartt, Dez de dezembro, do George Saunders, Este lado do paraíso, do Fitzgerald, e por aí vai, mas acho que com esses livros eu tive alguma coisa de “vou gostar por gostar e não sei o motivo”, diferente desses aí de cima que realmente foram “wow” para mim. Meu único porém com isso tudo é que falhei miseravelmente no projeto #leiamulheres2014, o número de autoras que li não foi assim tão baixo mas poderia ser bem melhor. Mas vamos tentar seguir o projeto de Tuca e Simone e fazer o #leiascifi2015 – que aqui na pilha já tem Walter M. Miller Jr., William Gibson, Isaac Asimov, tudo um oferecimento Editora Aleph, que vai me ocupar por umas boas semanas no ano que vem.

Obrigada por continuarem a acompanhar esse blog tão abandonado nesse ano – vou procurar melhorar, juro – e boas leituras para 2015! :D

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“Até”, diz o gato Horácio com ódio da humanidade.

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